[Resenha de Filme] Uma Onda No Ar


Boa noite, pessoal!
Hoje, trazemos a resenha do filme brasileiro Uma Onda No Ar.


Uma Onda No Ar é um filme baseado na história da Rádio Favela, uma rádio pirata que passou a atuar como veículo de comunicação e entrosamento comunitário em uma favela de Belo Horizonte, a partir de 1993.
O filme apresenta a história de quatro jovens amigos que decidem criar uma rádio, onde sua antena serviria de “metralhadora” para disparar palavras contra o Governo, que vira as costas para as necessidades da população das comunidades carentes e olham o negro com preconceito, julgando-o como um criminoso. As palavras adquiririam a conotação de balas lançadas ao ar e teria o toque poético da voz do povo do Morro.
Jorge, um estudante determinado e sonhador, começa a tomar a frente da locução, idealizando a rádio na favela e seu amigo Ezequiel o auxilia na aparelhagem técnica, demonstrando o seu conhecimento em eletrônica. Brau é o poeta do quarteto, que nutre o sonho de ser artista, no entanto, as situações o levam para outro caminho, assim como Roque, que acaba adentrando no sistema cruel das drogas e do crime.
O que começou como uma brincadeira, acaba tomando sérias proporções. A voz da favela passa a incomodar as autoridades locais, que a todo preço buscam dissipar as ondas sonoras da Rádio Favela.
Mas nessa trajetória, perdas e ganhos. A rádio conta com o apoio de uma jornalista e um advogado, que possibilitaram que o meio de comunicação fosse divulgado nos jornais e visto como uma iniciativa benéfica. Por fim, acaba tendo o seu trabalho reconhecido pela ONU - Organização das Nações Unidas e recebendo um gratificante prêmio. Depois de muita resistência, a Rádio Favela conseguiu operar, sendo vista como rádio educativa.
O filme aborda diferentes temáticas, mas o ponto chave é acerca do preconceito racial. Jorge, o ator, cita em uma de suas falas: “Acabaram as senzalas e criaram as favelas”. Será mesmo que o Brasil se livrou da “mancha negra” que os livros de história relatam nas escolas?
Hoje, não seria tão diferente do que desde o período da escravidão. O racismo, mesmo que, por vezes, de forma velada, ainda é uma ferida não curada no Brasil. Qual seria o diferencial entre o branco e o negro? Por que ao primeiro são abertas oportunidades, enquanto que ao segundo estas lhe são negadas? Foi diante desse quadro de exclusão que Jorge decidiu usar sua voz para denunciar e levar a população a refletir e não se calar diante de atos abusivos.
Outro tema que merece destaque é o apoio da comunidade entre os seus membros, apoio que fez todo o diferencial para que as ondas do rádio pudessem ter a sua propagação continuada. O problema de um é o problema de todos. A comunidade batalha pela dignidade e cidadania, assuntos esquecidos pelas autoridades, que subiam ao morro para combater as verdades que não queriam enxergar.
O filme também faz uma crítica à influência das drogas na vida do pobre, sem perspectiva diante de tantas injustiças, levando o telespectador a pensar que o caminho mais fácil, nem sempre vale a pena e que, muitas vezes, a pessoa paga com a sua própria vida.
Trata-se de uma produção que merece atenção pela abordagem que faz da comunidade como um todo. As favelas são vistas, por boa parte da sociedade, como uma mancha, uma concentração marginalizada e estereotipada, um lugar onde a criminalidade impera, que deve estar isolado das outras camadas sociais.
No entanto, não se pode esquecer das famílias que trabalham dignamente e que aprendem a viver sem o auxílio real que o Governo deveria ceder, famílias que perdem seus filhos para as drogas e a violência, mas que mesmo assim, não desistem da vida, apesar das péssimas condições de saúde e moradia.

Esperamos que vocês tenham curtido e que tenham interesse em assistir. Recomendamos!

Confira o trailer do filme: