Cuidado! Leitura que prejudica



Que a leitura é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, isso é incontestável. No entanto, há quem separe as boas leituras das más leituras, os bons livros dos maus livros. Na verdade, prefiro estar apoiada ao que dizia Oscar Wilde: "Não há livros morais e livros imorais. Há livros bem escritos e livros mal escritos, só isso." Acredito que essa seria uma classificação mais justa.

É do senso comum que os 'bons livros' são os clássicos, de Luís Vaz de Camões até Machado de Assis, por exemplo. E que os 'maus livros' seriam aqueles que hoje chamamos de "modinhas", histórias que 'caíram no gosto' do povo, especialmente dos adolescentes, como A Culpa é das Estrelas (John Green), Diário de Um Banana (Greg Heffley) e a série Percy Jackson e Os Olimpianos (Rick Riordan), e os mais polêmicos, que compõem a trilogia Cinquenta Tons de Cinza (E. L. James), dentre vários outros.

Há ainda críticas do público em relação aos livros da escritora britânica J. K. Rowling, em sua famosa série Harry Potter, cuja vendagem é de mais de 400 milhões, traduzido para 69 idiomas. Acerca disso, Nelly Novaes Coelho, professora da Universidade de São Paulo, diz que "a autora [J. K. Rowling] explora o enigma, o mistério e a magia, elementos que nos levam para fora do espaço da lógica. A leitura é ágil como um videogame, por isso prende o leitor." 

Sou de acordo que, para entrarmos no mundo literário, é preciso que nosso primeiro passo seja dado no caminho das histórias que mais nos chamem a atenção, que tenham a ver com nossos gostos e necessidades. Posso muito bem passar horas lendo um romance de Nicholas Sparks, como também um de José de Alencar; uma poesia de Fernando Pessoa, como também de Caio Fernando Abreu. Cada livro tem o seu encanto.  

Impedir que a criança ou o jovem tenha acesso à literatura contemporânea é privá-lo de não poder intertextualizar, dialogar com outros textos que tenham a mesma temática. Dizer que essa literatura prejudica, sem deixar que o leitor tire as suas conclusões é impossibilitá-lo de conhecer escritores atuais, que são muito bons naquilo que escrevem e caso não sejam, caberá a cada um julgar.

O que não se pode negar é a forte influência que esse tipo de leitura tem sobre o público infanto-juvenil, que pode até não gostar dos clássicos, mas que começou a ver a leitura como uma prática prazerosa. Há também casos em que essa literatura tem estimulado leitores para outros rumos, levando-os para Orgulho e Preconceito (Jane Austen), O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë), Romeu e Julieta (William Shakespeare) e Frankenstein (Mary Shelley), por exemplo.

Não se pode abolir os clássicos, sem dúvida, pois os mesmos funcionam como ponte histórica, cultural e intelectual. É necessário que os conheçamos, temos todo o direito de explorá-los, é um legado nosso!

Nesse sentido, só encontro algo que a leitura, independente de qualquer texto, pode prejudicar... A ignorância!


Sabrina Sousa

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